quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Em casamento perfeito, bandas de rock associam suas imagens a cervejas artesanais

Alguns fabricantes foram além e produziram também vinho, vodca e conhaque até com artistas de outros gêneros musicais

Thaís Pacheco - Estado de Minas



A banda Velhas Virgens não se contentou apenas com CD e DVD e mandou fabricar sua própria cerveja
Já está à venda o mais recente lançamento no mercado nacional de música: a cerveja artesanal Camila, Camila, inspirada e autorizada pela banda gaúcha Nenhum de Nós. A banda Velhas Virgens foi na mesma balada, comemorando 25 anos de muita bebedeira com a produção da Rock Beer. Mesma estratégia adotada pelo Sepultura, em 2009, com sua Weissbier. Lá fora, varias cervejarias pegaram carona na ideia, que nem é tão nova assim e foi copiada por fabricantes de vinhos, conhaques e outros destilados. Algumas empresas chegam a patrocinar festivais de música.

O baterista do grupo Nenhum de Nós, Sady Homrich, ministra palestras, oficinas de harmonização e até faz curadoria para eventos filosóficos sobre a cerveja. Foi ele que acompanhou o processo. “Eu sabia o estilo formulado, às vezes ligava para perguntar como havia sido alguma etapa e o Bazzo (Alexandre, o cervejeiro) tuitava a evolução da aparência e sabor”, lembra o músico.

Do rótulo ao gosto, tudo que define a cerveja tem explicação na música. Camila, Camila é uma cerveja do tipo Bohemian Pilsen. No blog do fabricante está a explicação para isso: “Uma cerveja que é, ao mesmo tempo, delicada e forte, com personalidade e mostra para que veio, como a personagem da música foi”.

Sady aprova o recado e endossa: “Não é uma pilsenzinha aguadinha para matar a sede, e sim uma digna representante de um estilo forjado nas catacumbas de uma pequena cervejaria na cidade tcheca de Pilsen, pelo mestre alemão Josef Groll, produzida pela primeira vez em 1842, curiosamente na mesma data que o Nenhum de Nós marca sua estreia: 5 de outubro”.

NO GARGALO
Ainda entre os brasucas, quem começa a produzir o próprio rótulo é a banda Velhas Virgens. Rock Beer, é uma red ale fabricada pelo mestre cervejeiro Reynaldo Fogagnoli, da cervejaria Universitária, em Campinas (SP). No caso deles, o nome do grupo não foi emprestado à cervejaria, a banda é que assina a produção.

A receita está pronta. O lançamento, previsto para o fim do ano, depende da aprovação do Ministério da Agricultura. O guitarrista Alê Cavalo, explica que o principal motivo para criarem o produto é a busca pela autossuficiência. “Fazer nossa própria cerveja para não ter de pagar por ela”, satiriza. Ele garante que Rock beer estará à venda em empórios e nos próprios shows do Velhas Virgens.

BREJAS
Quem também lançou o próprio rótulo, weiss, em comemoração a 25 anos de carreira, foi o Sepultura, em 2009. A marca Weissbier está fora de circulação, mas a banda e uma cervejaria paulista estão em negociação para voltar a fabricá-la. No site www.brejas.com.br, em que os usuários fazem avaliações das cervejas artesanais, 11 usuários avaliaram o produto com nota 2.7 na escala que vai até 5.

Ano passado, quando a banda alemã Scorpions passou pela Bolívia, a Compañía Cervecera Boliviana lançou oficialmente a “Autentica cerveza Scorpions get your sting and blackout world tour 2010”.

Do outro lado do mundo, quem também acaba de lançar a própria cerveja são os metaleiros suecos do Amon Amarth, representantes de um estilo conhecido como viking metal: som e letras influenciados pelo paganismo nórdico e era viking. Nada mais justo que ter a própria cerveja. Ragnarock foi o nome escolhido para a bebida que traz, na divulgação, a menção aos deuses e seus brindes, com a frase “Quando Heimdal tocar a Gjallarhorn essa será a cerveja que os deuses irão levantar em antecipação à próxima batalha”.


Police, Pink Floyd, Woodstock e Rolling Stones Inspiraram a série Wines that rock 

Outros ritmos, outros sabores
Assim como as cervejas, vinhos também são produzidos mais em homenagem ao rock do que qualquer outro gênero. Os americanos do Wines that rock são bom exemplo. “Nosso rockstar é o produtor de vinhos Mark Beaman, que realmente ouviu e mergulhou nos sons de Rolling Stones, Pink Floyd, The Police e os vários artistas que tocaram no festival de Woodstock”, garante Howard Jackowitz, um dos sócios da empresa.

“Cada vinho é reflexo da interpretação do Mark ao ouvir os discos. O sabor e os aromas são uma experiência. Nós realmente queremos que vocês degustem a música”, exlica Jackowitz. Infelizmente a empresa não tem representantes no Brasil; só mesmo via importação. Entre seus rótulos, Wine that rocks tem o merlot Rolling Stones’ Forty Licks; um chardonnay batizado Woodstock e para The dark side of the moon, do Pink Floyd, ficou um cabernet sauvignon.

Outras bandas também ganharam o próprio vinho, com outros produtores. A vinícola australiana Warburn Estate lançou quatro rótulos do AC/DC com nomes de clássicos da banda. Entre eles, Back in black para a uva shiraz e um cabernet sauvignon que virou Highway to hell.

Em fevereiro deste ano, Ozzy Osbourne sorteou duas garrafas do vinho Randy Rhoads, criado em homenagem ao guitarrista, que foi amigo e colaborador. O cabernet sauvignon da adega californiana D'Argenzio custa US$ 53, e toda verba arrecadada é revertida para o Randy Rhoads Charitable Trust, que financia bolsas para estudantes de música.

Em referência à própria música, Is this love, o vocalista do Whitesnake assina seu vinho de uva eruopeia, zinfandel. David Covardale escreve no rótulo: “ É um vinho libidinoso, com a essência picante de um olhar sexy e sedutor – como o de uma serpente. Será que isso é amor? Acredito que seja”.

DESTILADOS 
Van Halen, Iron maiden, Kiss e muitas outras bandas já tiveram seus nomes associados à vinhos. Mas não é só de rock, cerveja e vinho que vive a relação entre bebida e música. Em 2009, uma notícia tomou alguns tabloides do mundo inteiro, quando a família do jazzista Duke Ellington entrou na justiça contra a empresa que vendia o Duke Ellington XO Cognac. A alegação é que a companhia nunca teve permissão para usar o nome do artista no conhaque que valia US$ 150 a garrafa. E também não repassaram o lucro aos herdeiros.

Mais esperto foi o rapper Ludacris, que criou a própria marca para fabricar a bebida assinada por ele mesmo. Co-proprietário da Conjure Cognac, vende a bebida por US$ 34 a garrafa. Outro rapper, um grande empresário que investe em mercados diferentes, Jay-Z cedeu seu nome a uma vodca. Para ajudar a vender um sem número de garrafas, bastou o marido de Beyoncè citar a marca em uma de suas músicas, All I need. A vodka Armadale custa US$ 33,99.

Menos pop e mais obscuro, Marilyn Manson optou por lançar um absinto. Mansinthe foi o nome dado à bebida que é vendida em 12 países, na Ásia, Europa, Oceania e América do Norte, por um preço médio equivalente à R$ 100.

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