sábado, 13 de agosto de 2011

Se alguém quizer me dar um!

Imagem da capa do Lp vendido à R$1.800,00 na loja virtual Sempre Vinil
Foram prensadas apenas 300 cópias no mundo inteiro.

Mutantes em cartão postal "Tecnicolor"
Por Luísa Gimenez

Em 1970 foi gravado pelo Mutantes, no "Des Dames Studio", em Paris, o disco "Tecnicolor", com músicas brasileiras cantadas em inglês. As versões foram feitas pelos Mutantes de forma impecável. Quem ouve as músicas em inglês, extrai a mesma mensagem de quem as ouve em português.

O disco surgiu num contexto interessante: os Mutantes estavam em temporada no Olympia. Então a gravadora britânica Polydor decidiu produzir um álbum com o grupo, mas não chegou a lançar o trabalho. Guardado durante 30 anos por Antonio Peticov - amigo dos integrantes do grupo - o disco foi redescoberto numa entrevista que Carlos Calado fez com Peticov, para o seu livro "A Divina Comédia dos Mutantes", e lançado pela Universal Music.

Ayrton Mugnaini Jr., em seu livro "O Futuro Me Absolve" (Ed. Sampa), onde faz uma pequena biografia de Rita Lee, comenta que os anos 70 não foram exatamente anos de paz dentro dos Mutantes.

Era uma época de " sexo, droga e rock and roll". Houve muito desentendimento entre a gravadora brasileira, os produtores e os integrantes do grupo. Rita Lee foi lentamente se desligando da banda e em 70, já realizava shows solos, gravando seu primeiro disco "Build Up".

Em 72, quando saiu o segundo LP solo de Rita Lee, "Hoje é o Primeiro dia do Resto da sua Vida" - na verdade mais um disco dos Mutantes, lançado com destaque para Rita - Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, começaram a discordar quanto ao estilo a ser adotado pelo grupo. Os rapazes, declarados "progressivos", achavam que Rita Lee estava errada em insistir na mistura de ritmos brasileiros com o rock. O grupo acabou se desfazendo.

Hoje, vistos de longe, é interessante observar a dimensão que os fatos da época revelam. O disco "Tecnicolor", onde os rapazes dos Mutantes ainda não tinham assumido uma postura mais radical, pesada, tem o tempero que Rita Lee defendia: a mistura.

Em "Tecnicolor", músicas como "Panis et Circences" (CaetanoVeloso/Gilberto Gil) e "Baby" (CaetanoVeloso) estão intactas, com a mesma concepção das originais. O disco tem a participação de Arnolpho Lima Filho (Liminha), no baixo e Ronaldo Leme (Dinho), na bateria e traz ilustrações de Sean Ono Lennon.

É impossível ouvir o disco e não fazer uma ligação direta com o trabalho da Rita Lee. Pois ela estava certa: a mistura de rock e ritmos brasileiros dá certo. Tanto que o disco está sendo reconhecido internacionalmente como revelação da World Music.

MÚSICAS DO LP MUTANTES TECNICOLOR LP 180 GRAMAS ED. LIMITADA
1. Panis et Circences (CaetanoVeloso/Gilberto Gil-versão Mutantes)
2. Bat Macumba (Gilberto Gil /CaetanoVeloso)
3. Virginia (Arnaldo Baptista/Rita Lee/Sérgio Dias)
4. She's My Shoo Shoo - A Minha Menina (Jorge Ben-versão Mutantes)
5. I Feell A Little Spaced Out - Ando Meio Desligado (Arnaldo Baptista/Rita Lee/Sérgio Dias-versão Mutantes)
6. Baby (CaetanoVeloso-versão Mutantes)
7. Tecnicolor (Arnaldo Baptista/Rita Lee/Sérgio Dias-versão Mutantes)
8. El Justiceiro (Arnaldo Baptista/Rita Lee/Sérgio Dias-versão Mutantes)
9. I'm Sorry Baby (Arnaldo Baptista/Rita Lee-versão Mutantes)
10. Adeus Minha Fulô (Humberto Teixeira/Sivuca)
11. Le Premier Bonheur du Jour (Jean Renard/Frank Gerald)
12. Saravah (Arnaldo Baptista/Rita Lee/Sérgio Dias-versão Mutantes)
13. Panis et Circenses (reprise)

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