É necessário estar sempre bêbado. Tudo se reduz a isso: eis o único problema. Para não sentirdes o fardo horrível do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas de quê? De vinho, (de Cerveja Artesanal Vinil,) de poesia ou de virtude - como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que o fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro e o relógio hão de vos responder:
- É a hora da embriaguez! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; e embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virturde - como achardes melhor."
Texto de contracapa do livro Boêmios e Bebidas, de contos e crônicas de Paulo Pinho. Ed. Casa da Palavra, por Charles Baudelaire. Desenho entitulado "O bar ideal", retirado a muito tempo de algum site.
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