segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Mundo Desconhecido do Áudio Analógico


É muito comum as pessoas ficarem com um ar de perplexidade quando alguém fala que importou um vinil... Ou que tem determinado cantor em vinil e não em CD... Ou que prefere escutar vinis a CD’s. A pergunta que vem é quase sempre a seguinte: Mas “isso” não deixou de fabricar? Pois é. Percebe-se como a mídia comercial é importante, senão determinante no que diz respeito ao acesso à informação sobre bens de consumo, ao que devemos crer ou não acerca desses bens e até sobre a noção de custo-benefício desses referidos bens.
Os vinis e toca-discos no Brasil tiveram sua morte decretada pelo advento do CD na década de 80 e consumada na década de 90 quando do surgimento do real. A mídia comercial pregou a total obsolência do LP e do toca discos diante da nova tecnologia. Não se falava mais em LP; quem desconhecesse as vantagens do CD diante do LP estava fora de moda. Fato consumado. Muitos se desfizeram, venderam ou doaram suas coleções de LP's (vinis, para os mais novos), na esperança de que os títulos saíssem em CD. Obvio: alguns saíram, outros não. Mas a tecnologia encantava, prometia, era um mundo novo, especialmente para quem tinha toca-discos baratos e não tinha afinidade com o universo hi-fi.
Nos países de primeiro mundo, como os Estados Unidos, Europa, Japão e Grécia, além de outros, como a Rússia, isso não aconteceu. Com classes sociais bem informadas, acostumadas a equipamentos sofisticados de áudio, incluídos aí os toca-discos, as tecnologias e práticas de prensagem de alta qualidade, inexistentes na época no Brasil (como LP’S de 160, 180 e 200 gramas, quando o normal por aqui eram LP’s de sulcos rasos - 125 gramas), essas sociedades não se vergaram à tecnologia novata do CD: Apenas a incluíram como mais uma opção. Apenas encamparam essa nova tecnologia. E em relação ao toca-discos, muito pelo contrário: até clubes de "tocadisquistas" se formaram, como o Audiophile Club of Athens, em Atenas (Hellas), na Grécia. Lá se cultiva o refino do refino em matéria de pureza musical em toca-discos.
As prensas brasileiras (de vinis) foram vendidas para o Chile, Argentina e Espanha. A Febre do CD se espalhava, assim como o desejo de consumo de possuir um toca CD. No exterior, as coisas iam a passos bem mais prudentes: Decobriu-se que o CD precisava se aperfeiçoar, que o som ainda não estava bom, (muito brilhante e com poucos graves) embora não se negasse a sua praticidade, principalmente no seu uso em carros. E continuou-se a usar os vinis e os toca-discos. E está assim até hoje: o CD foi um aliado, e não um invasor que expulsou um inimigo.
E é impressionante como no Brasil se acredita até hoje que vinil é peça de museu, assunto de saudosista ou de gente bizzarra... Diga-se o mesmo para toca-discos! A situação hoje nos países de ouvidos educados é a seguinte: O CD dividiu o mercado com o LP e com a fita cassette, cada um ocupando o seu lugar em vantagens técnicas, práticas e culturais. As bandas lá fora lançam seus álbuns, na sua maioria, em CD e LP e algumas dessas mesmas bandas, lançam também em fita cassette. No Brasil, quem fabrica LP's (prensagem) é a POLYSOMBRASIL, em Belford Roxo. Os toca-discos e tape decks, por sua vez, nunca deixaram de ser fabricados; muito pelo contrário: evoluíram e continuam evoluindo.
Por JOAQUIM MARTINS CUTRIM, NITERÓI, RIO DE JANEIRO, BRAZIL em outubro de 2006

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